Quase 1 milhão de jovens desiste da faculdade por causa das apostas online

Especialista em Saúde Mental, Mario Lopes alerta para epidemia silenciosa que ameaça a saúde mental e o futuro educacional da juventude brasileira

O avanço das apostas online no Brasil não preocupa apenas pelo risco de vício: agora, também compromete o futuro acadêmico de milhares de jovens. Um levantamento da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes) mostra que 34% dos brasileiros entre 18 e 35 anos que pretendiam iniciar uma graduação em 2025 adiaram os planos por estarem com a renda comprometida com jogos de azar virtuais — o que representa cerca de 986 mil pessoas. O índice é ainda mais elevado entre jovens das classes D e E, chegando a 41%, e em regiões como o Nordeste (44%) e Sudeste (41%).

Os números acendem um alerta entre especialistas em saúde mental. “Estamos diante de uma epidemia silenciosa. As bets não são apenas um passatempo, mas um gatilho poderoso para transtornos como ansiedade, depressão, insônia, compulsão e até pensamentos suicidas”, afirma Mario Lopes, especialista em Saúde Mental. Ele destaca que o comportamento compulsivo se instala rapidamente, impulsionado por plataformas que funcionam como verdadeiros cassinos de bolso, disponíveis 24 horas por dia.

Com apelo especialmente forte entre jovens e adultos entre 26 e 35 anos — muitos com filhos e emprego formal —, as apostas online vêm gerando dívidas, afastamento social e esgotamento emocional. A recuperação, segundo especialistas, passa pelo reconhecimento do vício, busca por apoio psicológico e, em casos mais graves, acompanhamento psiquiátrico e participação em grupos de apoio, como Jogadores Anônimos.

A prevenção, porém, ainda é a ferramenta mais eficaz. Estabelecer limites, conversar abertamente sobre os riscos e promover hábitos saudáveis são atitudes essenciais, especialmente no ambiente familiar. Para Mario Lopes, é urgente discutir a regulamentação das propagandas de apostas, muitas delas exibidas em horários nobres da TV. “Não podemos tratar o vício em apostas online como uma escolha individual. É uma questão de saúde coletiva”, reforça.

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