Fernando Gomes
Existe algo de profundamente íntimo em compartilhar o espelho. Nos últimos anos, uma nova tendência vem se consolidando nos consultórios dermatológicos de alto padrão: casais que fazem procedimentos estéticos juntos — não apenas como investimento na aparência, mas como um gesto de afeto. A prática, já apelidada de beauty matching, transforma a estética em um ritual de conexão, substituindo jantares e joias por momentos a dois de autocuidado, em clima de serenidade, toque e confiança.
A ciência respalda o que muitos casais intuitivamente descobriram. Um estudo publicado na Annals of Behavioral Medicine revelou que parceiros que adotam rotinas de saúde juntos — da alimentação ao cuidado com a pele — têm maior qualidade de vida e níveis mais altos de satisfação conjugal. A explicação está no comportamento conhecido como “comportamento de saúde em casal”, cada vez mais observado em contextos urbanos onde tempo, atenção plena e bem-estar se tornaram luxos compartilhados.
Essa mudança de perspectiva tem impulsionado a busca por experiências mais simbólicas. Em vez de presentes materiais, muitos casais escolhem marcar datas importantes — como aniversários de relacionamento ou o próprio Dia dos Namorados — com sessões conjuntas de procedimentos estéticos. Entre os mais procurados estão os bioestimuladores de colágeno, que atuam de forma progressiva e natural na produção endógena de colágeno, promovendo firmeza, viço e rejuvenescimento da pele sem alterar traços.
Segundo a médica especialista em estética avançada, a dermatologista Dra. Gina Matzenbacher, essa procura vem acompanhada de uma motivação emocional clara. “O que vemos hoje são casais que não querem apenas envelhecer juntos — eles querem envelhecer bem, com saúde, leveza e autoestima. O procedimento se torna um momento de pausa na rotina, um espaço de cuidado mútuo e presença real. É bonito de ver.” Ela destaca que um dos produtos mais citados por esses pacientes é o Harmonize Gold, um bioestimulador que tem ganhado espaço justamente pela proposta de promover resultados naturais e elegantes. “Ele se encaixa perfeitamente nesse perfil de casal que busca sutileza, saúde e uma estética longe do exagero”, afirma.
Dados recentes ajudam a entender a força desse movimento. Um relatório da IQVIA aponta que o uso global de bioestimuladores de colágeno cresceu 57% nos últimos anos, e a previsão é de expansão contínua de 11% ao ano até 2028. No Brasil, o consumo de colágeno — entre suplementos, dermocosméticos e procedimentos — aumentou 167% nos últimos cinco anos, segundo a ABIAD (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres). Embora os dados incluam diferentes faixas etárias e perfis, clínicas e consultórios já notam um padrão: o autocuidado está deixando de ser um ato solitário para se tornar um código afetivo.
Os casais que protagonizam essa tendência, geralmente entre 30 e 50 anos, vivem em grandes centros urbanos e buscam experiências significativas. Dividem viagens, meditação, práticas físicas — e agora também sessões de harmonização facial e bioestimulação. Em vez de tratar a estética como vaidade, tratam como uma continuidade da vida a dois. Uma forma de dizer “estou com você” também nos pequenos gestos, no cuidado com a imagem que dividem no espelho e no mundo.
Beauty matching é mais do que uma hashtag. É um novo pacto de intimidade — onde o toque do profissional na pele se soma ao toque emocional entre duas pessoas que escolheram atravessar o tempo lado a lado, com beleza, equilíbrio e respeito. E se há algo que o colágeno nos ensina, é que a estrutura mais forte é sempre construída em camadas. Como todo relacionamento duradouro.
