Chile começa a aplicar vacina que esteriliza cães temporariamente

Franchesco, acompanhado de seu dono Iván Gutiérrez (E), enquanto é vacinado com Egalitte pela veterinária Mariela del Saz em uma clínica de Santiago, no dia 17 de outubro de 2024RODRIGO ARANGUA

RODRIGO ARANGUA

Apenas uma picada e Franchesco, um cachorro vira-lata de quase dois anos, ficará temporariamente estéril até que seu dono decida o contrário. O Chile iniciou a comercialização de uma vacina singular, desenvolvida por cientistas do país, que atua como um método de planejamento para tutores de cães.

“É a primeira vacina desse tipo no mundo para cães”, explica à AFP Leonardo Sáenz, acadêmico da Universidade do Chile, que patenteou o produto em 40 países, incluindo Estados Unidos, Brasil, Argentina, além da União Europeia.

O antígeno Egalitte, que foi posto à venda este mês por 50 dólares (R$ 285,3, na cotação atual) a dose em Santiago e em outras cidades do país, é um imunizante que libera anticorpos que, por sua vez, bloqueiam a produção de hormônios sexuais tanto em machos quanto em fêmeas por um ano, explica Sáenz.

“Bloqueia tudo: a atividade sexual e a fertilidade”, diz o cientista, que trabalhou no projeto com sua equipe desde 2009.

A vacina atua como uma espécie de “castração imunológica” que não apenas impede a reprodução, mas também inibe “as condutas sexuais ou sexualizadas dos animais” associadas à produção de hormônios, afirma o cientista de 52 anos.

Dessa forma, não há cio nem comportamentos de monta, além de a agressividade ser reduzida.

A vacina representa uma alternativa à castração ou esterilização cirúrgica, que são procedimentos irreversíveis e com algum nível de risco.

Também se diferencia de outros métodos temporários, como aqueles que são exclusivos para machos. Este é o caso de “um implante de um análogo do hormônio, que atua durante três ou quatro meses (…), mas que gera um desequilíbrio que pode provocar efeitos colaterais”, esclarece Sáenz.

“A maioria dos tutores tem medo da cirurgia. Por mais que você faça exames, há pacientes (cães) que entraram em cirurgia para castração e tiveram paradas cardiorrespiratórias”, detalha a médica veterinária Mariela del Saz.

Iván Gutiérrez, um estudante de 27 anos, levou Franchesco ao veterinário para sua primeira vacina esterilizadora em uma clínica em Santiago.

“Não me animava com a ideia da operação. Tirar as partes… Isso me dói um pouco”, afirma.

Após um mês, Gutiérrez deverá voltar ao veterinário para que seja aplicada uma dose de reforço em Franchesco. Seu tutor deverá levá-lo a cada ano para uma nova dose, caso não queira que seu animal de estimação se reproduza.

Antes de serem vacinados, os cães devem passar por exames clínicos.

Embora não tenha efeitos colaterais, a vacina não pode ser injetada em fêmeas prenhas ou em animais imunossuprimidos, explica Hernán Aguilera, do laboratório Ngen Lab, que está fabricando e distribuindo o antígeno.

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