Atualização da NR-1: um marco na saúde mental e segurança do trabalho

Por Silvia Rezende**

 

A nova redação da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), com vigência prevista para 2026, representa um divisor de águas na gestão de saúde e segurança do trabalho no Brasil. Mais do que uma obrigação legal, sua implementação será uma estratégia eficaz para empresas que buscam ambientes laborais mais seguros, produtivos e humanizados.

A norma exigirá que todas as organizações regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) adotem práticas sistemáticas de identificação, avaliação e controle de riscos ocupacionais — incluindo os riscos psicossociais, como estresse, assédio moral e sobrecarga emocional. Essa abordagem amplia o escopo tradicional da segurança do trabalho, incorporando fatores que impactam diretamente a saúde mental dos colaboradores.

Segundo estimativas da plataforma Smartlab — iniciativa conjunta do Ministério Público do Trabalho e da OIT Brasil — mais de 1,4 milhão de dias de trabalho foram perdidos em 2024 devido a transtornos mentais relacionados ao ambiente profissional. A NR-1 busca mitigar esse impacto por meio de ações preventivas e planos estruturados de apoio.

Benefícios Esperados

– Redução de acidentes e doenças ocupacionais, com queda nos afastamentos e processos trabalhistas.

– Fortalecimento da cultura de segurança, promovendo maior engajamento e bem-estar entre os colaboradores.

– Impulso à produtividade, com melhoria do clima organizacional.

– Valorização da imagem institucional, atraindo talentos e consolidando parcerias estratégicas.

Além disso, a NR-1 servirá como base para outras regulamentações, como a NR-17 (ergonomia) e o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), promovendo uma abordagem integrada e contínua de prevenção.

Desafios para as Empresas

Apesar dos avanços, a norma impõe desafios significativos. Um dos principais será a gestão dos riscos psicossociais, que deverão ser formalmente incluídos no PGR. Isso exigirá que as empresas mapeiem fatores como estresse, assédio e sobrecarga com o mesmo rigor aplicado aos riscos físicos e químicos.

Outro obstáculo será a mudança cultural, que demandará escuta ativa dos colaboradores e envolvimento das lideranças na construção de ambientes emocionalmente saudáveis. Muitas organizações ainda tratam a saúde mental como responsabilidade individual, quando, na verdade, ela deve ser abordada de forma estratégica e coletiva.

A NR-1 não será apenas uma norma: será um investimento transformador. Ao adotar suas diretrizes, as empresas não apenas estarão em conformidade com a legislação, mas também contribuirão para um futuro mais saudável, sustentável e competitivo.

**Silvia Rezende é graduada em Pedagogia e Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, Silvia possui especialização em Terapia Comportamental Cognitiva em saúde mental pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Ela é a coordenadora técnica da Clínica de Psicologia LARES e professora do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Silvia atua também como psicóloga colaboradora no IPQ HC FMUSP e no Programa de Psiquiatria Social e Cultural (PROSOL), um grupo do Instituto de Psiquiatria da FMUSP.

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